“Figuras
que registraram épocas e deram identidade a muitos povos, como os
egípcios, romanos, gregos e indianos, atraem os olhares da artista...
que copia seus hieróglifos e os transforma em fascinantes peças de arte
projetadas no barro... o começo de tudo... e o início da arte da
talentosa e ímpar Rute dos Santos”
Nascida em Bragança Paulista e criada em Atibaia, a artista plástica
Rute dos Santos, 52, teve sua formação adulta na capital. Morou alguns
anos em Caragua-tatuba, mas foi Ubatuba que escolheu para passar o resto
de seus dias, onde já está há 23 anos. Foi aqui também que teve o
despertar pela arte de modelar e pintar. Autodidata e com técnicas
ímpares ao longo do tempo desenvolvidas ou adaptadas por ela, que fica
difícil classificá-las tecnicamente. Na infância, mostrava interesse
pela pintura e desenhos à mão livre, chegando a ganhar premia-ções em
concursos escolares, mas as responsabilidades da vida adulta foram
chegando e esta exímia habilidade da artista foi deixada de lado...
esquecida em uma “caixinha”. Mudou-se para Ubatuba como comerciante, com
um artesanato estabelecido no bairro do Pereque Mirim durante oito anos.
Foi então que conheceu o artista Nelson que fazia pinturas em cerâmicas,
que além de expor suas peças na loja ensinou-lhe os primeiros passos
desta arte. A partir de então, nunca mais parou. Ganhou cinco fascículos
do assunto e passou a se interessar mais e mais sobre arte até
desenvolver suas próprias técnicas. Uma delas, a de modelagem, foi
herança de um artista e restaurador grego que lhe ensinou uma massa
usada para restauros. Em sua arte, ele criava motivos mitológicos que
ela logo tratou de adaptar para motivos do folclore brasileiro. Chegou a
criar uma coleção de gamelas revestidas com motivos de todo o nosso
país: pescaria, botequins, colheita e outros. Mas suas peças de criação
única sempre trazem os motivos que instintivamente mais lhe atraem, que
são os
hieróglifos
egípcios, gregos, romanos e indianos, dando um toque personalizado da
artista. Seus trabalhos sempre criados em grandes dimensões, geralmente
vasos de cerâmicas, recebem técnicas diversificadas em uma mesma peça
como, por exemplo: pintura fria, modelagem em alto e baixo relevo,
pátina, envelhecimento (algumas), enfim. é mesmo difícil de descrever...
E cada peça leva geralmente cerca de três dias, se bem dedicados. Sem
contar que todo o material usado foi adaptado e criado por ela, alguns
de seus instrumentos são aparelhos odontológicos, frascos de
desodorante, bico do recipiente de óleo Singer, lixa de palha de aço, e
por aí vai... Criatividade e disposição é o que não faltam. Seus
desenhos, às vezes observados em apenas um pequeno detalhe de um livro,
tomam grandes proporções e vão compondo sua obra... São feitos sempre à
mão livre... e incrivelmente perfeitos! As cores sempre com base
primaria também são confeccionadas pela artista. Ousada em tudo o que se
diz criar, a tímida artista também recicla cerâmicas quebradas, criando
esculturas inusitadas.
Seu ateliê localiza-se à av. Felix Guisard, 318 - Perequê-Açu.
Vale a pena conferir de perto.
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